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Depressão na infância e adolescência: um transtorno real

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio está entre as cinco principais causas de morte na faixa etária de 15 a 19 anos no mundo inteiro. A depressão entre crianças e adolescentes vem crescendo a cada ano. Confira no GNDI.

Saúde e Bem-Estar

12 de Julho de 2021

Imagem referência Blog da Saúde NotreDame Intermédica

Depressão na infância e adolescência: um transtorno real

Saúde e Bem-Estar -

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio está entre as cinco principais causas de morte entre 15 e 19 anos no mundo inteiro. Estima-se que cerca de 2% das crianças em idade pré-escolar têm depressão; no caso de crianças mais velhas e adolescentes, os números aumentam para 4 a 6% e podem ser mais altos conforme a faixa etária. A depressão pode ser ainda mais frequente durante a pandemia, com a falta da escola, isolamento social, preocupações com o futuro e mais vulnerabilidade a abusos de criadores e pais.

 
 
 

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Sintomas

Os sintomas da depressão normalmente se dividem em três grupos de manifestações: humor, saúde física e cognição. Em relação ao humor, segundo o Dr. Hercílio Pereira de Oliveira, psiquiatra do Grupo NotreDame Intermédica, as crianças e os adolescentes podem apresentar tristeza, angústia, perda de prazer e motivação nas coisas da mesma forma que acontece com os adultos. “Além dessas manifestações, tem um quadro mais atípico, em que se pode ter sintomas como irritabilidade e inquietação”, afirma.

Já os sintomas físicos são bem diferentes: os adultos costumam apresentar insônia e perda de libido; as crianças costumam ter atraso no crescimento e dificuldade para ganhar peso. “É importante observar a curva de crescimento dessa criança com depressão, levando em consideração fatores genéticos”, completa Dr. Hercílio. Por último, o campo cognitivo também é afetado. Pessoas acima de 18 anos são prejudicadas com a perda de memória e lentidão para processar informações e concluir tarefas; já crianças têm dificuldade de aprendizado e queda no desempenho escolar.

O psiquiatra ressalta, no entanto, que é necessário saber diferenciar esse quadro em relação ao curso normal da adolescência, do desenvolvimento e da personalidade: “É importante notar que a criança e o adolescente têm uma relação muito estreita com fatores ambientais e sociais que estão à volta. Muitas vezes, essas alterações de humor têm uma correspondência com a realidade mais difícil dentro de casa, ao sofrer abuso ou negligência por parte dos cuidadores ou dos pais. Outra causa comum é a criança estar passando por alguma dificuldade na escola em decorrência do bullying ou de uma não adaptação ao ambiente escolar”.

O sentimento de incompreensão e exposição a conteúdos prejudiciais

Muitas vezes o transtorno depressivo em adolescentes é visto como uma fase de rebeldia e drama. Logo no início do filme As virgens suicidas (1999), produção da diretora Sofia Coppola adaptado do romance de Jeffrey Eugenides, a jovem Cecilia (Hanna R. Hall) – 13 anos – tenta suicídio. Ao chegar no hospital, o médico responsável desdenha da situação: “você não tem idade para saber o quanto a vida fica difícil”. Mas não é bem assim: se algumas pessoas veem a adolescência como a melhor fase da vida, outras enxergam como a época de falta de compreensão e baixa autoestima. As questões familiares e escolares, como abusos e bullying, são os principais fatores que, aliados com os hormônios à flor da pele e componentes cerebrais que promovem a impulsividade, podem fazer sérios estragos.

Dr. Hercílio explica que o adolescente está em uma fase de traçar limites entre o que compartilhar ou não com os adultos e faz de tudo para estar no controle de sua própria vida – mas o que por um lado cria senso de responsabilidade, confiança e independência, por outro pode gerar isolamento e sentimento de incompreensão. O médico conta, ainda, que o acesso a conteúdos sobre suicídio e autoflagelação podem ser prejudiciais para esses indivíduos, já que as funções cerebrais têm tendências mais impulsivas até o início da fase adulta.

“Após os 12 anos, a incidência de suicídio aumenta muito – embora possa acontecer também com crianças menores. As crianças e os adolescentes estão particularmente vulneráveis a essa cultura de falar de temas como suicídio e automutilação. É importante lembrar que estamos lidando com uma população que tem na sua base biológica uma tendência à impulsividade. A partir do momento em que esse adolescente tem acesso a um conteúdo, que hoje é muito extenso na internet, associado a comportamento de automutilação e suicídio, eles identificam o sofrimento e aquilo acaba se constituindo de um canal de expressão ou de alívio de dificuldades e sofrimento”, explica o psiquiatra.

Um estudo feito nos Estados Unidos indicou um aumento de 30% no índice de suicídio entre crianças e adolescentes no país após a estreia da série 13 Reasons Why (Os 13 porquês, em português). A série fala sobre Hannah Baker, uma adolescente que tira a própria vida após sofrer abusos na escola e envia fitas para 13 pessoas contando os agentes que a motivaram. Mas este fenômeno é mais antigo do se imagina: o livro Os sofrimentos do jovem Werther, do autor Johann Wolfgang von Goethe, criou uma onda parecida de suicídios entre jovens em 1774. Embora não se saiba exatamente o número de pessoas que morreram após ler a obra, a circulação foi limitada após o fenômeno.

Cuidado e prevenção

Monitorar o que crianças e adolescentes assistem e leem no mundo atual não é tarefa fácil, mas é preciso persistir – claro, sem desrespeitar a privacidade. Embora, como o psiquiatra já explicou, os adolescentes tendam a criar uma barreira para pais e responsáveis não conseguirem atravessar, prestar atenção em como esses conteúdos afetam o comportamento pode ser uma boa saída: “é importante que se vejam evidências diretas. Por exemplo, se existe muito tempo de exposição a telas, que tipo de conteúdo eles estão consumindo e se esses conteúdos estão começando a prejudicar a interação desse adolescente com a família”, indica.

O especialista cita, ainda, a necessidade de prestar atenção no comportamento: “é preciso observar ainda a mudança do humor, com tendência para ficar mais triste, a questão da autoestima, e como encara os problemas. Quando percebemos que, de repente, ir à escola acaba sendo um sacrifício, uma dificuldade, ou se a pessoa não compartilha mais coisas básicas sobre a vida, pode ser um sinal de alerta de que alguma coisa pode estar acontecendo e que é necessário um suporte”.

Autodestruição

A adolescência é um período de maior exposição à experimentação de substâncias e expressões autodestrutivas. Além do caráter impulsivo, os transtornos de humor e a necessidade de se enturmar são algumas das principais razões. “Isso acaba sendo algo bastante preocupante nessas condições”, reforça Dr. Hercílio.

Quando o assunto é autoflagelação, as causas podem estar associadas à exposição de conteúdos na internet, depressão, bullying, baixa autoestima e abusos físicos, psicológicos e sexuais, além da personalidade Borderline. O especialista explica, porém, que nem todo mundo que se machuca de propósito tem esse tipo de transtorno: “esse é um diagnóstico à parte muito mais complexo. Às vezes, a automutilação acontece como um evento isolado”. Embora a pessoa não tenha a intenção de suicídio durante o ato, adeptos à automutilação podem ter tendências suicidas em algum momento da vida.

Tratamentos

Manter um bom diálogo é fundamental para entender o que a criança ou adolescente está sentindo, mas isso não exclui a busca por um psicólogo ou psiquiatra. Segundo Dr. Hercílio, a psicoterapia é essencial para combater o transtorno depressivo. “Nessa faixa etária, existe um trabalho muito bem integrado com a família. Ao começar a acompanhar o paciente, o especialista chama os pais para identificar os pontos de vulnerabilidade e realizar aconselhamentos e orientações. Muitas vezes, indicamos também uma terapia familiar para que se possa produzir um ambiente melhor, com recuperação em relação as dificuldades que existem naquele contexto”.

Em algumas situações, no entanto, é indicado o uso de medicamentos como tricíclicos e inibidores de serotonina. Segundo o especialista, eles têm chances menores de dependência e é possível manter por menos tempo do que medicamentos para adultos. O médico ressalta que, ao iniciar o tratamento farmacológico, é importante haver um acompanhamento mais de perto, pois podem apresentar efeitos colaterais preocupantes nas primeiras semanas de uso, como aumento de ansiedade e risco de suicídio.

Conheça a Clínica para Crianças Especiais do GNDI

No Núcleo de Terapias Integradas ABC, clínica do Grupo NotreDame Intermédica com foco em tratamentos de pessoas dos 2 aos 16 anos com transtornos do desenvolvimento, crianças e adolescentes que sofrem com depressão podem ter acesso à uma equipe multidisciplinar formada pode psicólogos, psiquiatras e terapeutas ocupacionais. Localizada em São Bernardo do Campo, a clínica conta com diversos tipos de terapias e atendimento personalizado.

Referências

Fonte: Grupo NotreDame Intermédica com a colaboração do psiquiatra do GNDI, Dr. Hercílio Pereira de Oliveira e com informações da Organização Mundial da Saúde. – acesso: 21/05/2021

Responsável pelo Conteúdo:

Responsável pelo Conteúdo:
Dr. Rodolfo Pires de Albuquerque
CRM: 40.137
Diretor Médico do Grupo NotreDame Intermédica

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