“Em alguns casos mais leves, é possível parar de beber sozinho; mas em casos mais graves – em que há tolerância, abstinência, estreitamento de repertório – dificilmente a pessoa vai conseguir parar sem acompanhamento médico”, conta Dr. Hercílio. Isso principalmente por conta da abstinência, que pode chegar em níveis muito graves e apresentar alterações como delirium tremens – alteração do nível de consciência e desorientação –, acabar em coma ou até morte. Durante a abstinência, o paciente pode também procurar bebida para acabar com os efeitos colaterais.
Mas, em que o acompanhamento médico pode ajudar neste momento? Além de proporcionar uma segurança maior com equipe especializada, o paciente terá também medicamentos que o ajudarão a passar por esta fase mais aguda de desintoxicação. Depois, vem a fase de estabilização e manutenção. “O alcoolismo é considerado um transtorno crônico, assim como o diabetes ou a hipertensão arterial. Existem medicamentos e terapias que ajudam a passar por isso, mas o paciente terá um acompanhamento contínuo para o resto da vida”, conta.
“Um mito que circula muito é que para deixar o alcoolismo é só ‘força de vontade’ ou que é ‘criar vergonha na cara’ e só parar de beber. É importante entender que essa pessoa tem um transtorno que supera a capacidade de só parar de beber. Claro, ela precisa estar motivada, tem que querer, mas só a motivação não basta”, explica o especialista. Ele conta que existe a necessidade do tratamento medicamentoso e de psicoterapia, que pode ser a linha “prevenção da recaída” ou “entrevista motivacional”, a partir das quais o paciente desenvolve estratégias para lidar com o risco de voltar a beber.